18 junho 2010

Naquela noite resolveu não morrer. Levantou-se da cama e se pôs ali, na imensidão da sua janela, olhando a cidade antiga, as ruas alaranjadas com suas casas coloridas e janelas... Algumas tão escuras e ainda assim tão vivas, cheias de pessoas que ela ainda não conheceu. Algumas dormindo, outras amando, quem sabe? Algumas janelas azuis, outras, musicadas. Ela podia ouvir ao longe uma mulher cantando com viscerais agudos chorosos, harmoniosos. E achou belo! Numa rua passava um rapaz encapuzado. A cidade sentia frio nessa época do ano. Atrás de que o rapaz estava ela nunca saberia. Talvez de alguma diversão, talvez de alguém específico, quem sabe de quatro reais e um abraço. Ela só sabia que pensava na rua, na vida e entendeu que mesmo diante do caos da impossibilidade não poderia deixar de pensar em si. Não matou seus desejos e raivas, nem se quer os colocou para dormir como fizera nos últimos dias... Encarou-os de frente e até achou graça. A bendita beleza perseguida. Naquela noite resolveu viver... Adormeceu sabendo que pensava e deixou de temer. Amanheceu o dia.

Um comentário:

Filipe M. Vasconcelos disse...

Esse eu conheço!!!! rsrsrs
Muito gostoso relê-lo, Ana..
Um beijo!